quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mudança

Tudo o que já tinha aqui e mais um pouco, agora aqui: http://contracorrenteza.blogspot.com/

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Vou começar este post com uma confissão: sim, eu já usei e constantemente uso script. Não falo isso só pra causar alvoroço, mas pra dispensar desde a primeira frase o "mimimi" que possivelmente começaria por causa do que vou dizer abaixo. Sendo assim, poupe seus dedos de acusar, bancar vestal ou me chamar de irrelevante. Não me importo em ser relevante para quem até (.....) (complete na linha pontilhada) segundos atrás eu nem sabia que existia.

Superado o busílis e guardadas as carapuças, vamos falar de script para aumentar seguidores no Twitter. Existem maneiras diferentes de utiliza-lo e admitir seu uso.

Muita gente prefere a via simplória de adicionar perfis gringos com muitos seguidores "follow back"(que seguem de volta automaticamente). Esses conseguem catapultar-se de mil, mil e poucos seguidores para mais de 10 mil em coisa de uma semana.

Conseguem um número expressivo de seguidores, aparecem bem nos rankings, mas tem pouca ou nenhuma capacidade de interatividade com eles, já que a maioria ou é fantasma ou não fala o mesmo idioma.

É um crescimento vazio. Temos tanta gente que cresceu assim e não vi nenhum deles ser entrevistado ou aparecer mais do que no ranking propriamente dito, menos ainda ser levado muito a sério.

Outros, como é o meu caso (posso falar por mim, é lógico), escolhem usuários às vezes até com menos seguidores que o próprio, mas que tem um perfil parecido com o seu. Quer dizer, vai em alguém que fala sobre cinema, piscicultura,mambo, maçonaria, crítica social, política, etc e identifica ali pessoas com as quais pode ter algo em comum. Adiciona-as e passa a interagir com elas.

É um trabalho mais meticuloso, porque envolve "limpar" a lista de pessoas que segue de perfis de empresas, sites, fakes, gringos, etc. Você gasta tempo, dedo, mas vale a pena, porque termina conhecendo um monte de pessoas que jamais conheceria caso não houvesse adicionado todos aqueles perfis.

É mais ou menos como anunciar na TV, você escolhe um horário e um programa onde provavelmente estará ligado seu público alvo, massifica a mensagem e fica aguardando que seu consumidor vá até você. No fim, a escolha é dele, você apenas se pôs em disponibilidade.

Considero o uso do script desta maneira como racional. Quem não é famoso, quem não participa da elite da Blogaria, quem não tem acesso a outras pessoas pelos métodos já tradicionais da internet, vai atrás de quem possivelmente tenha algo em comum consigo.

Já conheci, interagi e aprendi muito com pessoas que jamais conheceria caso não tivesse usado o recurso, conseguido vários followers e passado a conviver diariamente com eles. O que os levaria a me conhecer caso não fosse isso?

Então ajudou sim. Mas se muitos ficam mesmo depois de passarem a me conhecer, aí é mérito meu.

Eu pelo menos não finjo que sou alguém "importante". Tenho as minhas verdades, mas elas não são necessariamente a verdade. E por maior que seja o blogueiro, colunista virtual, celebridade cibernética ou qualquer outro termo que os "in" quiserem utilizar, mais de 90% da população do Brasil com certeza não sabe quem eles são.

Então vamos parar com esse negócio de "eu sou o cara", porque isso tudo aqui é tão importante para a maior parte do mundo quanto o campeonato tibetano de xadrez.

Utilizar script de forma direcionada é estratégia, mas para quem não sabe faze-la ou não tem disposição para tal, soa como "trapaça". Se for assim, a Coca-Cola, as montadoras de automóveis ou lojas de roupa deveriam colocar um "homem sanduíche" na esquina, berrando seu nome e pronto. Pra que focar um público? Pra que investir em meios de atingir cada vez mais pessoas?

Ninguém tem culpa se um ou outro precisou fazer 200 listas sobre "O que fazer com seu blog", "O que não escrever no Twitter", "Como ser um internauta relevante" ou ainda "1001 maneiras de instalar uma placa de vídeo", enquanto a @Aliastes (ex @Twittess), por exemplo, só precisou escolher seu público alvo, adicionar em massa e passar a interagir com milhares de pessoas, crescer, aparecer e terminar dando entrevista até para a Playboy.

Eu sei que pode ser revoltante para uma pessoa saber que viajou do Rio a São Paulo de charrete, enquanto outra foi de avião, mas isso não configura necessariamente "trapaça". É estratégia, é atalho sim, é uma ferramenta e principalmente, é algo fora do que o "mainstream da aldeia" prega para os outros fazerem.

Digo isso porque vários deles se aproveitaram de bugs no sistema de blogs para inflar visitas (algo muito mais trapaceiro do que adicionar pessoas que provavelmente terão algo em comum com você), fazem auto-promoção descarada, tomam atalhos e também usam scripts para o Twitter, mas condenam quem faz igual.

A diferença é que usam e depois fingem que não. Usam e depois dizem que era "só de brincadeira". Usam e depois fazem de conta que não usaram. Exemplos são fartos, como a @rosana e o @interney que estão aí para provar o que eu digo.

Mas estes são blogueiros, estes são "professores", estes são relevantemente "antigos" e com história, resumindo: eles podem.

Como disse no texto que escrevi sobre a revolta em torno da Tessália, isso nada mais é do que defesa de interesse, reserva de mercado ou simplesmente, mijar para marcar território.

É muito abuso alguém que não "ralou" na Blogaria ser seguido por milhares de pessoas, ter suas opiniões ouvidas e até aparecer aqui e ali.

Sugiro a estas pessoas que tomem uma charrete ou entrem numa canoa na próxima vez que tiverem que viajar.

Sugiro também que removam todos os banners que lhes rendem um dinheirinho de seus sites. Vão para a rua! Vão distribuir panfleto no sinal! Ficar de bunda sentada na internet, cagando regra e ainda ganhando por isso é desonesto com as pessoas que passam o dia no sol trabalhando para as imobiliárias, compradores de ouro e casas de prostituição.

Existe lógica nisso? Não. Mas vai explicar certas coisas para quem, até mesmo por causa do tipo de serviço que estão acostumados a utilizar, o Blog, só está acostumado a promover monólogos.

Não conheço paradigma que seja rompido sem gritaria, sem esperneio e não seria diferente no caso do Twitter. É um universo novo, ainda que habitado mais ou menos pelos mesmos personagens que já utilizaram Blog, Orkut e alguns até o chat do UOL.

Ninguém gosta de admitir que foi superado de certa forma, afinal, é mais fácil explicar que a Tessália fez mais sucesso que os cagadores de regras no fato dela usar script, dela ser bonita, dela ser isso, aquilo, do que simplesmente por ela ter se adequado e entendido melhor o funcionamento do Twitter do que a maioria dos PhDs que a fustigam.
No final, é como a velha piada do português que inventou o limpador de para-brisas, mas o japonês aperfeiçoou e colocou-o do lado de fora do vidro. A diferença é que funciona.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Em quase todo lugar onde estiverem mais de uma dúzia de seres-humanos, grupos se formarão e fatalmente um grupo tentará sobrepujar-se ao outro. O próximo passo é o grupo que conseguir o mando dizer que não o possui de fato, para curiosamente fazer de tudo para defender o que diz não ter ou existir, ou seja, o seu "domínio".

Divaguei demais, melhor ser logo concreto e dar nome aos bois. Lá pelos idos de 2000, quando apareceram os primeiros blogs, não existiam redes sociais.

Existiam poucos entendidos sobre "tendências" online e menos ainda professores que passavam a vida dando palpite sobre o que é "relevante" ou não na internet. Era mais ou menos como uma grande folha em branco, para ser escrita por milhões de mãos, as mãos dos primeiros "blogueiros".

Não eram tantos quanto hoje, mas já eram bem variados. Desde os comuns "Meus queridos diários" até temas tão pouco universais quanto micronacionalismo, música aborígene e o acasalamento das borboletas púrpuras de Nairobi, qualquer um dizia o que bem entendia e claro, alguns por seu próprio mérito ou por doses cavalares de auto-promoção das mais variadas, começaram a sobressair.

Não sou e nem pretendo ser estudioso do assunto, então o que conheço é basicamente isso: uma ferramenta para escrever e despejar permalinks, onde adolescentes querendo descarregar hormônios e frustrações, escritores querendo mostrar sua obra, entendidos de vários assuntos querendo falar sobre suas áreas de atuação e tudo mais que se puder imaginar (até o diário de uma prostituta, por exemplo) podiam usar e abusar da liberdade e da capilaridade que a rede possui.

A ferramenta explodiu, muitos enjoaram, muitos outros permaneceram e Blogs e blogueiros cresceram, a ponto disso virar até profissão.

Até que recentemente surgiu o Twitter, ferramenta mais sintética do que o Blog (apenas 140 caracteres para dar seu recado), mais dinâmica, mais interativa e com uma capacidade de penetração muito maior. O Twitter é mais conversa enquanto o Blog é mais monólogo.

E os "blogueiros influentes", ou a nata do nitrato da elite da já elitizada internet brasileira, correu ao serviço de microblogging tal qual os pioneiros foram para o Oeste, ou seja, dispostos a trucidar qualquer coisa que vissem pela frente, fazer seu assentamento e continuar dali a ditar o que vale e o que não vale em termos de conteúdo.

Só que encontraram "nativos" um pouco mais charmosos e "na moda", como foi o caso da Tessália (@twittess). Bonitona, com 40 e tantos mil seguidores, admitiu ter usado script pra inflar o perfil (assim como o @interney , a @rosana e mais um monte de blogueiros que foram tentar a sorte no Twitter também admitiram) e, pecado mortal, começou a aparecer mais do que os proxenetas da Bloggaria aparecem.

Quanto abuso!

Uma pessoa que não passa o dia nos contando as "10 maneiras de ser chato",ou "10 formas de tornar seu blog relevante",ou "20 formas de tornar-se um blogueiro de sucesso", ou ainda "30 pessoas que você precisa começar a ler", uma menina que não "ganha a vida" pra blogar, que não é especialista na Audigy 7.1 e não escreveu 57 artigos sobre esta mesma placa, que não tem "história", como é que pode dar entrevista na Playboy, aparecer em reportagens aqui e ali e ainda ter a audácia de querer emitir opiniões sobre redes sociais, conteúdo e outros assuntos assim tão complexos que somente PhDs e fodões deveriam ter permissão para falar?

Causou um incômodo danado.

Até que alguém roubou o perfil da menina, deletou tudo e ela perdeu a sua conta que era uma das mais populares do Brasil.

A Twittess aliás era uma pessoa que eu criticava porque só linkava matérias e batia papos, mas que não merecia ser vítima de um crime digital por isso. Mas fazer o que? Ela foi.

Criticar enquanto a pessoa tem 40 mil seguidores, é polemizar, criar debate. Chutar na cara quando acontece uma coisa dessas, demonstra bem o tipo de caráter (aliás, falta de) que vários demonstraram.

O desfile de gozos, urros e fogos em comemoração à débacle da moça foi, pelo menos, uns 10 pontos acima do tom.

E o que vi no fato de muitos indivíduos auto-denominados "sérios" e "relevantes" quase melarem as cuecas e calcinhas com o ocorrido foi mais um episódio de alívio e vingança do que sentimento de justiça propriamente dito.

É aquela coisa no estilo "Desgraçada! Eu passei anos vomitando sobre como as pessoas devem ou não postar, falando sobre capacitores eletrolíticos e agora ela chega com um sorriso, uma pintinha na boca e um script e aparece mais do que eu! Morra vadia!".

Como tem gente que tem orgulho até de dizer que vive de blogar, que é tarado por monetização, etc, creio que estas comemorações tenham sido parte de uma bem sucedida estratégia de reserva de mercado. Vendiam monólogos via telégrafo, apareceu alguém oferecendo conversas via Skype. A coisa ficou preta.
É necessário preservar o jabá.

Até elegeram a próxima vítima da perseguição (que inclusive apareceu em uma imagem num dos posts que pisoteavam sobre os despojos do perfil da Twitess) que é a @AlineLii .

O resumo da história é: se você não é oriundo da Blogosfera, se você não participa de estudos sobre as futuras tendências dos serviços de comentários em Blogs, se você não tem nenhuma teoria sobre como ser um internauta que propaga conteúdo de "nível", não ouse aparecer mais do que os que fazem tudo isso.

Alguns usam scripts, mas entre eles, tudo bem. Alguns ofendem até a honra das pessoas (gostam de bancar os grosseiros para aparecer, e só não chamaram a Tessália de "prostituta" textualmente porque não tem coragem para tal). Alguns acham que podem até dizer a você o que ler, o que escrever e até mesmo o que considerar importante, mas se esquecem que são fruto de um ambiente que não aceita amarras e nem regras escrotas, caso contrário, nem eles mesmos existiriam e só poderíamos acompanhar Blogs e Twitters da Globo, Folha, Estadão, etc, etc.

Isso lembra tanto um termo que eu ouço muito em comunidades do Orkut sobre futebol, "a nata da merda".

O que concluo é que esse episódio inteiro é lamentável, mas o que é pior nisso tudo é a sensação de desolação que vem acompanhada da constatação que até num ambiente utópicamente libertário como a internet, em que sonhamos com uma liberdade de informação, opinião, ação e reação sem nenhum tipo de amarra, aparecem sempre os "Sinhozinhos Maltas", "Poderosos Chefões", esses coronéis de araque para tentar ditar regras, impor conceitos e atropelar os "outsiders" como se fossem um rolo compressor.

Professor de blog? PhD de Twitter? Façam-me um favor!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Nossa brava gente brasileira é chegada a uma unanimidade. Mesmo com todas as advertências do nosso velho mestre Nelson, preferimos a burrice acompanhada que a solidão de um pensamento racional.

Digo isto porque temos esta tendência a criar mitos, formadores de opinião, grandes artistas, sucessos retumbantes sem que por trás de todo o foguetório tenha nada além da fumaça que ele provoca. Já aconteceu isso com todo tipo de gente, e se formos pensar que até o falecido Clodovil já ditou opinião neste país, vemos que ser seguido por numerosa manada não é lá algo que qualquer um possa se orgulhar demais.

O queridinho atual é o blogueiro/twitteiro/CQCzeiro Marcelo Tas. Com algo em torno de 3 décadas de carreira artística, nosso fenômeno internético-televisivo pode orgulhar-se de ter sido o Ernesto Varela, o Professor Tibúrcio, o Telekid e agora âncora do CQC, cópia de um programa argentino que é vendido por aí tal qual franquias da Casa do Pão de Queijo.

Com este vasto cabedal, o nosso Tas virou referência para quase tudo. Os seus seguidores(no sentido mais amplo, não apenas o twíttico), repetem(ou seria rettwitam?) tudo o que ele diz como se fosse a Pedra de Roseta.

Às segundas-feiras então o Twitter parece um live stream do programa do indivíduo. Você simplesmente não consegue se livrar dele, nem que queira. E o que é o tal programa? Um Pânico na TV engravatado. Um enlatado hermano. Uma chatice sem dó, com perseguições a pessoas na rua e piadas nem sempre de muito bom gosto.

O programa é simplório, apela para um tipo de humor velho e reciclado, não tem novidade alguma ali a não ser os protagonistas, mas...

Mas ouse falar mal ou discordar do que pensa o nosso novo Moisés! No mínimo é porque você tem inveja da mesada que ele ganha da Telefônica para ser, segundo o Diogo Mainardi, o seu "homem-sanduiche". Ou porque é algum "gênio anônimo", morto de inveja de tanto talento, criatividade e...fama! Ah, o mundo de Caras!

Aliás, alguém muito bem disse no Twitter: inveja é o novo nome que as pessoas dão para os motivos que levam qualquer um a discordar delas. Fica bem mais fácil assim, não é?

Nesse meio tempo de reverendo Moon do Twitter, o Marcelo Tas já criou caso com um fake seu, brigou com o Diogo Mainardi e duvidou que o técnico do Corinthians(time com a segunda maior torcida do país) pudesse ultrapassa-lo em número de seguidores sem que usasse subterfúgios fraudulentos. Nota-se que é uma obra de fazer inveja a qualquer aspirante a twitteiro famoso e formador de opinião.

O ponto disto tudo que eu disse aqui, é que parece que o brasileiro médio vive atrás de alguém pra seguir. Seja o Marcelo Tas, seja o Ratinho, seja a Hebe, a Ivete Sangalo, o Luciano Huck, basta que seja "famoso" e obtenha a chancela da TV ou da grande mídia impressa, que o conteúdo do que a pessoa diz ou o valor real de sua obra é relativizado e aquilo tudo que ele diga ou vomite(dependendo de quem e da ocasião) passa a valer como verdade absoluta.

Quem discorda, quem não se interessa e quem se "rebela" só pode ser invejoso, amargo, azedo, mau-humorado, afinal, como é que alguém pode discordar de algo se centenas de milhares de pessoas acham aquilo "legal, engraçado, espirituoso, importante, válido"? Quem ou o que o indivíduo pensa que é para colocar-se acima da manada?

Não deixa de ser uma lógica, mas pensada assim, de forma clara e objetiva, essa é a lógica que quer para você? Eu não.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Yahoo! anunciou esta semana que fechará o Geocities até o final do ano. Nada demais, visto que é um serviço que tornou-se com o tempo obsoleto e quase irrelevante.

Os preços de hospedagem e registro de domínio são acessíveis à maioria dos usuários da internet, e os serviços de blogs, sites de relacionamento e, mais recentemente, microblogging, permitem ao usuário "estar" na rede sem necessitar conhecimentos de web design ou hospedagem gratuita.

Tudo muito normal se uma estranha nostalgia não me acometesse ao ler essa notícia. Sim, nostalgia dos tempos em que, a despeito das agruras e lentidões da internet discada, nós vivíamos uma época de total romantismo e sensação de "desbravamento" em relação à vida on line.

Lembro das interfaces dos chats, aonde tínhamos que dar "refresh" na página para que ela carregasse mostrando o que havíamos acabado de falar e também o que as pessoas haviam nos respondido. Lembro da felicidade que era receber um email, quase como se fosse uma carta chegando pelo correio.

O início do mIRC, o surgimento do ICQ, aquela época em que precisávamos scannear uma foto para poder "mostrar quem éramos" e onde as relações eram quase entre "pen-pals", só a conversa e o conteúdo importavam (e as decepções eram motivo de riso depois).

Mas também existiam os encontros irresistíveis, aonde tudo clicava. Amizades surgiam, amores nasciam. Conheci um dos grandes amores da minha vida na internet, pessoa que até hoje é minha grande amiga, e imagino quantos bebês de hoje, não são filhos daquela turma pré-2.0.

Era uma época de superar as fronteiras de um mundo totalmente novo e conectado. Tinha muita sacanagem, é claro, mas não havia essa objetividade e essa sensação de micareta virtual que a era do "tem cam?" fez surgir.

E o Geocities fez parte de tudo isso. Era uma sensação muito boa caçar apostilas grátis de HTML básico no Lycos ou no Altavista e ficar horas testando aquelas tags, trocando as cores, o tamanho das fontes, encontrando gifs animados, barras, botões que piscavam, imagens de fundo.

Ok, vistos sob a estética clean de hoje, eram sites feios, toscos, bregas.
Brilhavam demais, tudo se mexia demais, eram cheios de poluição visual, cores berrantes, avisos de "clique aqui", tão necessários num tempo em que mal sabiamos o que fazer na rede. Mas quem liga? Naquela época eram um orgulho para quem podia dizer "vai lá e visita a minha home page".

Existiam home-pages sobre o que a imaginação pudesse pensar nas "cidades" do Geocities. Bandas de rock, páginas pessoais, páginas de animais de estimação, sobre sexo, receitas, tudo. E com aquela estética bem característica da internet "1.0".

O término das atividades deste servidor gratuito, coloca mais uma pá de cal sobre um ícone dos primeiros anos da internet, aonde nós éramos early adopters de tudo, ainda que por inércia e sem saber que esse termo seria um dia inventado.

Com ele, se foram os bons tempos do mIRC, de alguns serviços de busca que encolheram, do e-groups que trocou de nome e perdeu função nessa época de tantos veículos de troca de informação, foi-se a usabilidade (e a necessidade) dos Foruns e grupos de discussão em geral, coisas que um dia ainda serão tratadas com a mesma reverência "museológica" com que hoje pensamos na TV em preto e branco.

Mas tudo bem, foram tempos que vivi com muita alegria e hoje relembro com muito orgulho e sensação de privilégio por ter presenciado.

Caminhei pelas ruas "recém-asfaltadas" da internet, onde existiam pouquíssimos trolls, nenhum miguxo e quando a inclusão digital ainda não havia trazido para a rede quase todas as mazelas com as quais já nos deparamos em nosso dia-a-dia "off-line".

Mais um pedaço da história que muitos de nós vivemos se vai, mas a parte boa disso é que outras tantas ferramentas e manias surgem na velocidade da banda larga.
Quem sabe daqui a alguns anos não estarei aqui falando com saudades sobre o Twitter, o Orkut ou mesmo o MySpace?

É o destino natural das coisas. Ainda mais na internet 2.0, aonde tudo acontece incrivelmente ainda mais rápido do que nós, internautas velhos e saudosistas, jamais poderíamos imaginar naqueles idos da década de 90.

Seguem alguns links de antigos sites hospedados no Geocities (visitem, enquanto ainda estiverem lá):





domingo, 1 de março de 2009

Terminou o carnaval. Saldo no Rio de Janeiro? 300% a mais de blocos nas ruas, quilômetros de engarrafamentos, litros e litros de urina espalhadas por toda a cidade, que ficou inteira fedendo tal qual um mictório de botequim, alguns albergues de turistas assaltados, muito sol e praias cheias, o ano finalmente podendo começar e, last but not least, um sambinha lindo da Portela, que até pra alguém como eu que tomou hojeriza a batuque com o passar dos anos, conseguiu atingir meu coração de pedra.

Que comece 2009 e que eu não precise falar muito da Dilma por aqui. Prefiro mil vezes a Luma.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Já foi tempo em que a internet era um local para encontrar gente interessante e inteligente. Podem me chamar de elitista, porque sei que sou em muitos aspectos mesmo, mas essa tal inclusão digital acabou com o ambiente que tinhamos na web.

Vivíamos numa espécie de Europa virtual. Pra começar, quem não sabia falar mais ou menos o inglês se ferrava, porque a maioria dos sites não era traduzido. A conexão era lenta e cara, mas selecionada. Pelo menos quando ligávamos o computador não eramos terceiro-mundistas, não tinhamos que conviver com toda a ignorância e estupidez que nos cerca diariamente, em vários lugares.

Hoje em dia tudo mudou. Com R$2,00 compra-se 1 hora de internet numa lan house qualquer. Foi o que bastou para que realizássemos a exportação da favelização para a vida online. Me entenda melhor quem pensa que estou falando mal de quem é "pobre", afinal, quem é brasileiro e não é político ou herdeiro que não o é? Estou falando é de gente ignorante, burra, tacanha, de qualquer classe social.

Quando era caro tinhamos que usar esse tempo que valia ouro de maneira ponderada. Quem entrava na net queria ler bons textos, conhecer pessoas legais, descobrir lugares do mundo. Ninguém tinha tempo para criar comunidade "Eu odeio isso ou aquilo", para passar a tarde xingando os outros ou provocando espasmos no interlocutor com as besteiras que diz, só para se "divertir" do outro lado da tela.

A Gringolândia em peso (entenda-se por isto tudo que não for do Patropi) debandou do orkut. Usam Facebook, My Space, o escambau mas recusam-se a perambular peleas vielas cheias de barracos e valões que a brasileirada transformou o site de relacionamentos criado pelo turco que trabalha no Google.

Será que no final das contas é a nossa sociedade que é assim? Criamos uma cultura tão auto-destrutiva que viramos um buraco negro que suga tudo o que presta para uma espécie de emissário submarino sem prévio tratamento?

A única coisa que eu sei é que adoro banda larga, horas ilimitadas de acesso e a acessibilidade do meu futuro Blackberry(assim que minha operadora entregar o tal aparelho que já foi prometido há duas semanas), mas penso que tudo isso seria muito mais aproveitável se não tivessemos erguido tantos barracos pela internet afora, com direito a Comando Vermelho virtual, arrastão, flanelinha e o escambau.
 
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