domingo, 4 de maio de 2008

Elevaram o Brasil a condição de "bom pagador" mundial. Agora podemos abrir crediário no exterior e pagar investimentos no carnê. O primarismo cultural brasileiro se reflete no seu primarismo social.

Na mesma semana que isso acontece duvulgam que 18 mil corpos por ano são recolhidos nas ruas do Rio de Janeiro, vítimas da violência e que uma mulher foi incendiada em plena Avenida Brasil (aliás, o nome desta avenida caótica, suja, favelizada, feia, poluída e com um piscinão de Ramos às suas margens é bem esclarecedor), esquertejada e depois incinerada numa montanha de pneus, e tudo o que se fala é da limpeza do nosso nome no "SPC" mundial e da polêmica sobre o professor na Bahia que disse que "berimbau é coisa de quem tem pouco neurônio, porque se tivesse mais de uma corda não iriam conseguir toca-lo" e que a musica do Olodum é primária, de baixa qualidade.

Pronto! O ufanismo da gente brejeira ulula e todos saem em defesa do lixo cultural literalmente monocórdio, e daquele batuque insuportável, repetitivo, tribal.

Sobre a violência, o sistema de saúde assassino, sobre a favelização, as mortes diárias pela violência, a poluição, a esculhambação generalizada que é este país, nada.

Aqui banaliza-se tudo. Até mesmo a morte é relativizada em favor do oba-oba sem fim. Ganhamos um BBB- da Standard and Poor´s e voila, tudo agora está bem, estamos na "ante-sala" do primeiro mundo, segundo li em alguns jornais. Podemos pegar até um carnê das Casas Bahia, vamos reclamar de que?

Não sei se concordo com a festa toda ao redor disto e se esta nova condição de BBB- irá refletir-se em uma melhoria do "resto" todo do país (a tal auto-suficiência no petróleo não serviu para bulhufas, afinal, ainda pagamos mais que o dobro do que os americanos pagam pelo litro da gasolina), mas de uma coisa tenho certeza: ante-sala do mundo que nada, continuamos a estar é no seu quintal mesmo.

E cheio de focos da dengue ainda por cima.

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